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quinta-feira, 7 de junho de 2012

41 - No Tempo da Minha Infância - (Remete ao texto 27)

No tempo da minha infância
(Ismael Gaião)
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal

Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria

A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade

Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração

Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido

Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir

Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança

No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado

Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria

Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira

Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado

Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos

Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão

Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé

Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia

O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço

E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira

Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar

Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade

Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...






Cabe uma reflexãozinha? 
Até que talvez caiba, mas, mais para balzaquianos(as). Certo? 
Como eu.
Só que... não é o tipo de conversa que gosto de cultivar, não.
Como vemos... falo. E falo muito.
E lógico; falo muito do passado. 
Como eu iria ficar falando do futuro? Futuro que nem conheço.
Mas, tem o seguinte: Falo muito do passado, e do presente, procurando tirar proveito, aproveitar-me de experiências passadas para, na medida do máximo possível, não errar mais onde errei.
Na medida do possível crescer, vencer, ajudar, ajudar-me.
Existe um dizer, mais ou menos, assim:
O passado passou, esqueçamos (o que merecer ser esquecido).
O futuro a Deus pertence.
Atenhamo-nos ao presente, este é o que importa, e de tão importante é nos dado como presente. Tanto que tem o nome de presente.
Cabe aqui uma observção quanto ao presente: é ele o que importa, é nele que as coisas acontecem, é nele que devemos acontecer para sermos o que quisermos ser. Passado para trazer lamúrias ao nosso presente, para afetá-lo negativamente, assim como ao nosso futuro (que nasce agora), passado dessa natureza... que fique para trás.
Lendo a poesia acima, e essas poucas minhas palavras aqui, agora, vejo que já espelhei opinião a respeito desta questão de passado, das experiências, conseqüências, e seqüência a culminar no meu presente.  
Isso é o que é.
Isso eu concordo.
Trazer a tona algo legal, um exemplo legal, uma palavra a (talvez) ajudar.
Uma palavra para vermos que não estamos sós, que nosso sofrimento (se é que sofremos) não é tão exclusivo, tão incurável.  (Que sofrimento? Um caminho natural de crescimento?)
Gosto de pensar que essa experiência presente (este espaço, este blog, este momento, estas nossas conversas) é algo de bom gosto a trazer, no mínimo, uma mensagem legal. Algo de bom a alguém. Gosto disso.
Tanto que estou aqui.
Para quem tem me acompanhado (quem leu todos, ou boa parte disso tudo aqui, há de concordar comigo).
É o que acredito estar acontecendo a partir das respostas, observações que tenho recebido.
Na linha do que estou tentando dizer creio poder ser legal ler (quem quiser, quem não leu) o texto 27 (21 Conselhos) e 32 (Momentos), cabe uma reflexão legal, juntamente com tudo isso aqui, agora, para adentrarmos em temas que, de repente, podem estar a nos pentelhar, temas que gostaríamos de mudar em nossas vidas, mudar para melhorá-las.
Acho isso muito legal.
Não sou Gurú, nem psicólogo.
Compartilho-me aqui, agora (este blog), na intenção do melhor meu, seu (se eu puder ajudar – o farei, sempre).
E digo: no meu caso dá muito certo.
A partir de experiências minhas passadas, presentes, de experiências de outros, de outros exemplos (a mim apresentados), palavras..., vejo-me atingindo objetivos.
Não sei o que futuro reserva para mim, mas, gosto do caminho que estou trilhando, do como estou acontecendo em minha vida, dos frutos que estou colhendo e da forma como tenho prazer por tudo, como tenho prazer pelos que me cercam, pela forma como sorrio. Prazer em viver.
Acredito ser essa também sua realidade. Fico feliz por você (você – neste caso – nós todos).
Fico muito feliz mesmo.
Acho que esse é o caminho que devemos trilhar: um exercício contínuo de felicidade (somos filhos de um ser feliz, lembra? Como não sermos felizes?).
Fica aqui um pensamento meu que me faz bem e que tenho que ter muita coragem de falá-lo: Não sei o que futuro reserva para mim, mas, gosto do caminho que estou trilhando.
É o seu caso também. Certo?
Cabe uma palavra sua?
Seria um prazer.
É sempre um prazer conversar contigo.

Com carinho.
Jeff

2 comentários:

  1. acredito que Deus tem propósitos na vida de todo ser humano e na sua não é diferente.tenho certeza de que ele te deu essa luz para poder ajudar pessoas.se te faz bem expressar seus sentimentos continue.tenho certeza que de uma forma ou outra está ajudando a quem ler.eu mesma gosto e aprendo muito.vc é um abençoado.

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    1. Querida mil vezes querida. Muito obrigado por estas suas palavras. Não sei quanto à questão do abençoado, mas, te digo de coração: suas palavras são o que mais tenho de intento. Agradeço de coração. E a intenção é bem essa, dividir, compartilhar, ajudar. Amei. E espero, sinceramente, de coração, sempre poder passar esse recado. Obrigado mesmo.

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