Existe um trecho de música que diz
assim:
"Mais de uma vez flagrei seus
olhos na intenção dos olhos de outro alguém...".
Interessante como sempre me senti
mal, e ferido, e esquadrinhado, reconhecido, transparente, ao ouvir essa
passagem.
Sempre senti-me mal ao ouví-la, pois,
quando antenei-me com mais intensidade às artes, às músicas, ao sentimento, eu
já me encontrava casado, já era adulto, e dentro do meu mundo, de minha relação
com o mundo e com o meu casamento, com meu eu, eu me via, mesmo mentalmente,
meio que traindo meus valores ao perceber minha fraqueza.
Embora eu não fosse do tipo trair (não
gosto, nunca traí, não é minha praia), ainda assim, eu me sentia meio que
sacana, meio que traidor, meio falho ao perceber minha falha. Uma falha que
sempre me vinha à mente com mais intensidade quando eu escutava essa música. Um
momento em que me via, mentalmente, reconhecido, parecendo reconhecido, parecendo
me ver numa passagem de música. Como se falassem de mim.
Claro que não só de mim.
Que nem diz o ditado: De médico e de
louco cada um tem um pouco. rsrs
Assim sei que essa passagem de música
não fala só de mim, mas, de todos nós (ou pelo menos da maioria de nós).
Interessante como cada um de nós (ou, pelo menos, muitos de nós) tem um pouco
de tudo (médico, louco, santo, pecador...), como que olhamos para o lado, para
o outro, para a outra (mesmo dentro de uma relação, aparentemente, sólida de
amor).
Não acredito que eu esteja errado em
meu pensamento de que a maioria olha na intenção de outros olhos. Será que
estou errado? rsrs. Eu bem que gostaria que sim, mas, não acredito que esteja.
Acredito, pois, que se eu estivesse
errado, o mundo seria melhor.
Acredito, pois, que se não olhássemos
na intenção de outros olhos não haveria tanta traição, insatisfação, tristeza,
desmantelo de relacionamentos, casamentos, de tantos entos.
Acho que se tivéssemos mais controle
de nossos sentimentos, vontades, quereres, ficaríamos mais satisfeitos dentro
de nossos mundos, envolvimentos...
Bom.
Ocorre que, hoje em dia, vivo um novo
momento de minha historia (novamente só).
Descobri, no decorrer de minha vida,
que nada é, inteiramente, mau. Que tudo tem dois lados, que a realidade
apresenta possibilidades, que a vida é pra ser vivida, e rida de preferência,
que hoje em dia eu não tenho mais raiva de mim quando ouço essa canção, pois, a
intenção dos meus olhos está livre para que eles vejam e procurem o que
quiserem, pois, estou só.
Um só que não é um só ruim.
Um só que tem lado bom, lado de poder
ser, de poder fazer. Um lado de liberdade.
Isso é bom.
Não é perfeito, mas, é bom.
É bom ser livre, ter liberdade de
pensamento. Pensar sem medo de errar, sem achar que está pecando, sem achar que
está errando por estar na intenção de outros olhos. É bom.
Mas, ao mesmo tempo, flagro-me agora
em uma nova situação: Mais de uma vez flagro meus olhos na intenção de você, de
suas letras, de seu sorriso, de seus olhos.
Caramba! Quantas vezes que por aqui
passo na intenção de te encontrar?!!!
Quantas viagens já fiz, mentalmente,
à sua casa, cidade, onde você estiver, na intenção de te ver? Quantas vezes me
pego pensando em você? Que coisa?!
É como eu disse: Interessante.
Interessante como agora, se eu
novamente escutasse a música, flagraria-me na intenção de um erro.
Mas, dessa vez, no sentido contrário,
de um modo diferente, do livre para o não poder, do certo para o errado. Ou
seria do errado para o certo?
Flagaria-me na intenção do olhar de
mim pra você.
Errado isso?
Errado pensar em você? Querer você? Sonhar
com você? Ter, desejar, sentir...
Desculpe.
De maneira alguma querer te
atormentar, deixar triste, nada de ruim.
Desculpe.
Simplesmente um falar, me expor,
expor meu momento, minha vontade, a intenção dos meus olhos: Você.
Desculpe se erro por me dirigir a você,
tá?
Desculpe se, aqui agora, falo o que não
deveria, faço o que não deveria, bato à sua porta.
Foi mau. Me desculpe.
Momento adulto.
Momento adulto apaixonado.
É como eu disse: "Acho que
se tivéssemos mais controle de nossos sentimentos, vontades, quereres, ficaríamos
mais satisfeitos dentro de nossos mundos, envolvimentos...".
Particularmente estou eu aqui em
outra realidade diferente de outrora (insatisfeito? pode até ser). Pode até
ser à medida que sonho sonhos irrealizáveis.
Deve ser esse o problema das pessoas então,
né?
O problema da insatisfação deve estar
ligado ao sonho irrealizável tal qual o olhar para fora do casamento.
Tal qual o meu olhar para quem não
pode ser, né?
Pra você.
Bjs, Flor.
Jeff
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